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O iene voltou a se valorizar em relação ao dólar norte-americano depois que o Banco do Japão apontou para novos avanços nos salários, um fator-chave que confirma efetivamente a necessidade de um aumento das taxas de juros na reunião marcada para esta semana. O relatório mostra que, apesar das tarifas dos EUA, a tendência de aumento dos salários permanece intacta.
O corte de 25 pontos-base esperado para quinta-feira, que reduziria a taxa básica do Banco da Inglaterra (BoE) para 3,75%, pode exercer pressão negativa sobre a libra no curto prazo. No entanto, esse nível já estaria de um a dois cortes abaixo da taxa que diversos especialistas, incluindo o próprio governador Andrew Bailey, consideram próxima do juro neutro no Reino Unido.
Por essa razão, o foco do mercado se voltará para os próximos passos do BoE. Caso o comunicado que acompanhar a decisão sinalize um ritmo mais lento de cortes adiante, a libra poderá encontrar algum suporte. Por outro lado, se o banco adotar um tom mais cauteloso em relação à inflação e às perspectivas de crescimento, a moeda britânica poderá enfrentar forte pressão vendedora.
Embora a maioria dos membros do Comitê de Política Monetária (MPC) evite indicar explicitamente qual seria o nível da taxa neutra, esse conceito já influencia as decisões do colegiado. Excluindo Bailey, o comitê de nove membros tem apresentado, nos últimos meses, uma divisão praticamente equilibrada entre hawks e doves. Segundo pesquisas recentes, os economistas esperam uma maioria apertada, de cinco votos a quatro, a favor de um corte na taxa nesta semana.
As divergências dentro do MPC giram em torno de qual fator deve receber maior peso: a inflação persistentemente elevada no Reino Unido, que estava em 3,6% em outubro, ou o enfraquecimento do mercado de trabalho. Esses vetores conflitantes vêm tornando os cortes de juros progressivamente mais difíceis desde o início do ciclo de afrouxamento, em agosto de 2024. A proximidade da taxa neutra tende a complicar ainda mais esse processo.
Muitos traders agora apostam que o banco central será forçado a pausar ou encerrar o ciclo de afrouxamento monetário nos próximos meses, à medida que se aproxima de sua taxa neutra. No entanto, há analistas, incluindo equipes do Morgan Stanley e da Capital Economics, que defendem que um cenário macroeconômico em deterioração (vale lembrar que o PIB do Reino Unido segue em contração) levará os formuladores de política a realizar novos cortes. Nesse contexto, os economistas projetam que a taxa básica do BoE possa cair para 3,25% na segunda metade do próximo ano.
Do ponto de vista técnico, no GBP/USD, os compradores da libra precisam romper a resistência mais próxima em 1,3395. Somente assim um avanço em direção a 1,3430 se tornaria viável — nível acima do qual uma ruptura será bastante desafiadora. O alvo mais distante está em 1,3474. Em caso de correção, os vendedores tentarão retomar o controle na região de 1,3355. Se essa zona for perdida, a quebra representará um golpe relevante para as posições de compras, empurrando o par em direção ao mínimo em 1,3320, com possibilidade de extensão até 1,3285.